Sem amigos, não dá

Pesquisas mostram que laços de amizade melhoram o humor, curam doenças e aumentam em até 10 anos a expectativa de vida



Laços fortes de amizade melhoram o humor, previnem doenças, aumentam o rendimento no trabalho e fortalecem até o sistema cardiovascular. Sem contraindicação, a amizade dispensa receita médica, tem efeito imediato e – de tão importante que é – tem até data comemorativa. Festejada sempre no final de julho, a data é uma referência ao marco histórico da chegada do homem à Lua, em 1969, e foi escolhida pelo dentista e professor argentino Enrique Ernesto Febbraro. Ele acreditava que o momento seria oportuno para o surgimento da amizade entre todo o Universo. A comemoração foi oficialmente instituída na Argentina por meio de um decreto (nº 235/1979) e, aos poucos, foi se espalhando por todo o mundo. Pela criação do Dia do Amigo, Febbraro foi indicado ao Prêmio Nobel duas vezes. 

Ele não ganhou o prêmio, mas incentivou o surgimento e o fortalecimento das amizades verdadeiras, tão valiosas quanto qualquer tipo de premiação. Para o pesquisador Tom Rath, psicólogo do Instituto Gallup, nos Estados Unidos, fortalecer as relações com amigos, colegas de escritório, parentes e parceiros é um grande investimento para a felicidade. 

Rath estudou os impactos da amizade na vida das pessoas e constatou que, além de aumentar a satisfação diária, melhora a saúde, cura depressão e ainda evita momentos de estresse. Entre os resultados, Rath observou, também, que quem tem grande amigos no emprego possui sete vezes mais chances de se dedicar ao trabalho e de aumentar o nível de produtividade. O resultado da pesquisa foi transformado em livro, publicado no Brasil com o título “O poder da amizade”, da editora Sextante, com tiragem esgotada no País. 

Quando a amizade é mantida ao longo dos anos, a felicidade é ainda mais benéfica e sadia. Arianne Dantas Ferri tinha 15 anos quando precisou mudar de colégio. Ela ainda não conhecia os colegas de classe quando foi chamada por uma jovem para integrar um grupo de trabalho. “A princípio, achei que ela era muito marrenta”, conta hoje a administradora de empresas. A colega era Liliane da Cruz, na época também com 15 anos, que se tornou amiga de Arianne graças a uma confidência guardada a sete chaves. “Eu contei para ela sobre um menino de quem eu gostava. Ficava ligando para ela, pedindo para não contar nada a ele. Depois disso, não deixamos de nos falar”, contou Liliane. Arianne guardou bem o segredo e a confiança entre elas é mantida há 12 anos.

Para o psicólogo e escritor Alexandre Bez, especialista em Relacionamento pela Universidade de Miami (EUA), a amizade verdadeira é sempre livre de interesses. “É aquela em que a preocupação com o outro está em primeiro lugar. Existe sempre o respeito. Os amigos precisam compartilhar as mesmas ideias ou respeitar a ideia do outro, quando ela for diferente. Você sofre junto, fica alegre junto”, explica ele, autor do livro “Inveja – o inimigo oculto”.

Para manter uma relação sincera e verdadeira, não é preciso estar sempre ao lado fisicamente. Com o advento das redes sociais, os laços são mantidos mesmo a longas distâncias. Doutora em psicologia pela Universidade de São Paulo (USP), Lívia Godinho Nery Gomes estudou as relações mediadas na internet e garante que é possível ter amigos virtuais. E vai além: é possível ter amigos com os quais nunca se esteve face a face. 

“A amizade é um relacionamento que se dá cada vez mais no âmbito do compartilhamento e troca de ideias. O amigo não é necessariamente aquele que está ao lado, mas alguém com quem o estar junto se dá através da conversa, da permuta de opiniões, experiências e concepções de pensamento”, afirma.

Fonte:  Folha Universal

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