Sem sinal

Com 256 milhões de linhas no País e alvo de 78 mil queixas só no 1º semestre, a telefonia móvel vai ter de melhorar seus serviços. Cai-cai e embromação irritam os consumidores.




Sinal fraco, interrupção de chamada e mau atendimento deixaram de ser novidade para quem usa telefone celular no País. As reclamações aumentam à medida que novas linhas de telefonia e internet móvel chegam ao mercado, mas a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) resolveu agir. Desde o dia 23 de julho, operadoras com pior desempenho em cada Estado (veja detalhes no infográfico abaixo) estão proibidas de vender novos chips.

De acordo com a Anatel, o objetivo é que as operadoras melhorem a qualidade do serviço oferecido e consigam atender a demanda durante os eventos internacionais que o Brasil vai sediar em 2013 (Copa das Confederações) e 2014 (Copa do Mundo). A companhia que desrespeitar a regra será multada em R$ 200 mil por dia.

O Brasil tem mais de 256 milhões de linhas de celular, 81,68% pré-pagas e 18,32% pós-pagas, de acordo com informações fornecidas pela Anatel. A Vivo é líder do mercado de telefonia móvel, com 29,56% de participação, seguida por TIM (26,89%), Claro (24,58%) e Oi (18,65%). A telefonia móvel lidera a lista de reclamações com 78 mil registros no 1º semestre do ano, segundo o Sistema Nacional de Informações de Defesa do Consumidor.


Quatro dias depois da determinação da Anatel, as operadoras TIM, Claro e Vivo foram multadas em mais de R$ 1 milhão pelo Procon da Paraíba. Segundo informações fornecidas pela assessoria de imprensa do órgão, as três empresas fizeram propagandas enganosas de planos que prometiam ligações ilimitadas, mas os serviços não eram oferecidos. TIM e Claro foram penalizadas com R$ 500 mil cada uma e a Vivo, com R$ 350 mil. O valor foi estipulado de acordo com o número de usuários prejudicados e gravidade da infração.



Em São Paulo, a assessora de imprensa Vivian Prestes, de 24 anos, conhece bem a deficiência da Claro, operadora da qual era cliente. Durante 3 semanas ela tentou reduzir o preço de um plano pós-pago, entre visitas à loja da marca e horas ao telefone. Insatisfeita, pediu o cancelamento do plano. Sem avisar, a empresa cancelou também a linha. "Perdi meus contatos, fui maltratada na loja e enganada por telefone", reclama Vivian, que abriu mão do iPhone, celular de última geração, e hoje usa um aparelho sem recursos com plano pré-pago da TIM.



O produtor Ulisses Andreguetto, de 28 anos, tem um plano pós-pago da TIM há 6 meses, mas às vezes não consegue usar o serviço em São Paulo. "Não tem sinal, a ligação cai, mas cansei de reclamar." Já a universitária Jussara Carvalho, de 26 anos, teve dificuldade para cancelar um plano pós-pago da Oi. "Fui transferida várias vezes no call center e só consegui resolver o assunto 1 mês depois."
Procuradas pela Folha Universal para comentar as reclamações, a TIM disse que possui cobertura nos locais indicados e a Oi está investindo no treinamento de funcionários. A Claro informou que só poderia verificar o caso se o CPF e número da usuária Vivian fossem enviados pela reportagem.


Todas as operadoras, incluindo as não penalizadas, devem apresentar um plano de melhoria e investimentos por Estado até o dia 18 deste mês. A Anatel informou que a Claro e a TIM não projetavam o aumento do tráfego de voz e de dados para os eventos internacionais. A Agência também pediu que a TIM abrisse novas centrais de atendimento ao usuário. À reportagem, a Claro informou que já fez as alterações solicitadas pela Anatel. A TIM disse que considera suficiente o investimento de R$ 9,5 bilhões até 2014 e a Oi afirmou que tem uma equipe dedicada ao plano e que vai investir R$ 24 bilhões até 2015.
Fonte: Folha Universal

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