Ribeirão Pires foi contemplado, nos últimos cinco anos, com recursos da ordem de R$ 15 milhões, oriundos de verba federal, estadual e com pequena contrapartida municipal. O montante foi utilizado em contenção de encostas, recuperação de galerias e sistemas de drenagem urbana, além de manutenção de vias públicas em locais como o Morro Santo Antonio, Morro São José e Vila Sueli. A prefeitura mantém, permanentemente, vistorias e monitoramento das áreas de risco pela Defesa Civil, integrada às secretarias pertinentes.
Prevenção
O Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André (Semasa) informou que investiu R$ 5,59 milhões em manutenção preventiva (capina/roçada, limpeza de bocas de lobo e limpeza de córregos, rios e tanques), mas não informou qual período. A autarquia destacou que o Programa Operação Chuvas de Verão (POCV) tem como objetivo promover o atendimento às ocorrências e facilitar o acesso do munícipe às informações em caso de emergências, como enchentes, deslizamentos, rachaduras em imóveis e problemas no trânsito, entre outros. Até dia 15 de abril, o município fica em observação permanente devido aos altos índices de chuva registrados no verão.
Diadema elaborou, em 2012, o Plano Municipal de Redução de Risco (PMRR), que contou com verba de R$ 275 mil - R$ 250 mil do Ministério das Cidades e R$ 25 mil de contrapartida da prefeitura. Foram feitos diagnósticos das áreas de risco –total de 67 – e estudadas quais intervenções deveriam ser feitas para evitar ou acabar com o risco e, por último, foi realizada audiência pública para aprovação do Plano pela população. Desde 2012 foram construídos 565 metros de novas galerias, realizada adequação do sistema de captação de águas pluviais visando o aumento da vazão e, ainda, a desobstrução de 5 mil metros lineares de galerias existentes e limpeza de 11,7 mil bocas-de-lobo.
Especialista destaca necessidade de desimpermeabilizar terrenos
Os automóveis estão diretamente ligados às enchentes. A afirmação é do engenheiro civil e professor titular da Universidade Federal do ABC, Ricardo Moretti. O docente explica que, atualmente, grandes empreendimentos constroem estacionamentos – totalmente impermeáveis – maiores que a área ocupada pelos prédios.
Segundo o professor, essas medidas de desimpermeabilização são relativamente simples e de baixo custo, principalmente quando comparados aos montantes que são empenhados em obras de drenagem e construção de piscinões. “Associada a uma maior arborização, essa medida também diminuiria a ocorrência de ilhas de calor, fator que contribui para as fortes chuvas. É o que chamamos de medidas de contenção na fonte”, destacou.
O especialista afirmou que por meio do Consórcio Intermunicipal do ABC, tem identificado um esforço conjunto das administrações em enfrentar a questão das áreas de risco, como o mapeamento que está sendo feito pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), em parceria com o órgão, em Santo André, São Caetano, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra.
Região canalizou seis córregos; construção de via nos locais é erro, diz especialista
As prefeituras do ABC já canalizaram – ou estão canalizando - seis córregos nos últimos cinco anos. A canalização ou a alteração no percurso de córregos e rios foi a matriz da expansão da cidade de São Paulo e de sua região metropolitana, que inclui o ABC. O documentário Entre Rios – A Urbanização de São Paulo, disponível no Youtube, mostra como essas alterações transformaram a cidade, mudaram a natureza dos cursos d’águas e resultaram em problemas como alagamentos e enchentes, “produtos da urbanização”, na definição da professora de Geografia da Universidade de São Paulo (USP) Odete Seabra.
Em Diadema, a prefeitura executa obras de canalização em trechos dos córregos Monteiros e Ribeirão dos Couros. Também estão previstas para este ano as canalizações dos córregos Canhema, Grota Funda e Olaria. As melhorias ocorrem com verbas do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e recursos municipais, envolvendo montante de R$ 30 milhões.
São Bernardo, por meio do PAC I, já concluiu as canalizações dos córregos Ribeirão dos Alvarengas, no Bairro Alvarenga, e Colina e Mininha, no Baeta Neves. O córrego Chrysler se encontra na fase final das obras.
De acordo com o engenheiro civil e professor titular da Universidade Federal do ABC, Ricardo Moretti, a construção de avenidas em fundos de vales são “obras na contramão da história”. “Tornar os rios retos e aos seus lados construir avenidas, mais uma vez priorizando os automóveis, é o pior modelo que as cidades podem adotar. É um conceito trágico”, completou.
Fonte: Diário Regional
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