Mães, especialistas, obstetras,
parteiras, ativistas e representantes governamentais falam sobre a
violência obstétrica, que ainda aflige grande parte das mulheres pobres
por Anelize Moreira, da Rádio Brasil Atual
publicado
21/05/2013 16:52,
última modificação
22/05/2013 18:24
©Carla Raiter/Divulgação
Projeto fotográfico busca
materializar as 'marcas invisíveis' deixadas por violência na hora do
parto e faz reflexão sobre as condições de nascimento no Brasil
São Paulo – Para marcar a Semana
Mundial de Respeito ao Nascimento (20 a 27 de maio), começa nesta
terça-feira (21) a série de reportagens especiais da Rádio Brasil Atual 'Dores do Parto'.
Foram ouvidas mães, especialistas, obstetras,
parteiras, ativistas e representantes governamentais sobre questões que
envolvem a violência obstétrica até os caminhos que as mulheres
percorrem em busca de uma nova forma de gestar, parir e nascer.
No Brasil, uma em cada quatro mulheres sofre violência durante o
parto. Apesar dos números apontados pela pesquisa realizada em 2010 pela
Fundação Perseu Abramo serem alarmantes, a chamada ‘violência
obstétrica’ ainda é velada.Nesta primeira reportagem você vai ouvir o relato de seis mulheres que sofreram violência ao dar à luz em maternidades públicas e privadas de São Paulo.
Márcia Golz, 44 anos, mãe de dois filhos, sempre
sonhou com o parto normal, mas há dez anos esse sonho lhe foi roubado.
Ao entrar em uma maternidade privada, sem muitas justificativas, Márcia
foi levada para o centro cirúrgico. Ela pede explicações e não tem
resposta.
A única informação que recebe é que será submetida a
uma cesariana. Ela chora de desespero. A enfermeira faz ameaças e diz
que se ela não parasse com a gritaria seria sedada. “Ela me dizia para
parar o berreiro, senão ela ia me sedar. Eu me sentia em uma prisão, de
repente eu entrei ali tinha perdido toda a minha autonomia e virado uma
pessoa dependente daquelas circunstâncias e manipulada por aquilo que
fizessem ali”, relata Márcia sobre o sofrimento de parir seu primeiro
filho.
Ouvir frases desrespeitosas é outra prática comum na hora de dar à
luz. Por exemplo, "Fica quieta mãezinha", "se não parar de gritar eu
paro de te atender", ou "na hora de fazer não gritou".Deboches, ironias, ameaças, humilhações, frases ofensivas, intervenções desnecessárias, omissão de informações, decisões sem o consentimento da parturiente, demora no atendimento médico e exame de toque coletivo são algumas das violências contra a gestante.
Thielly Manias, 28 anos é mãe de dois meninos e conta que ao sentir uma contração, esticou as pernas e a enfermeira lhe disse "Não agüenta nem uma contração e quer ter parto normal."
Muitas dessas práticas passam despercebidas em meio à rotina das intervenções médicas, praticadas em maternidades públicas e particulares do país. No exato momento em que a mulher traz uma nova vida ao mundo, os desrespeitos e os maus tratos são considerados normais.
Vereador Silvino Castro - PRB - A sua mão amiga.
Fonte: Rede Brasil Atual - Projeto 1:4.
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