O vereador Silvino Castro, posta uma matéria “Na hora de fazer não gritou”, da jornalista Andrea Dip, gerou imensa repercussão nas redes sociais
Da Redação
A Agência Pública publicou, na última segunda-feira (25), a matéria “Na Hora de fazer não gritou”, na qual a jornalista Andrea Dip apresentou um amplo panorama da violência obstétrica no Brasil.
A matéria contém dados aterradores sobre
as violências pelas quais mulheres brasileiras passam no momento do
parto. De acordo com a pesquisa “Mulheres brasileiras e Gênero nos espaços público e privado”, divulgada em 2010 pela Fundação Perseu Abramo, uma em cada quatro mulheres sofre algum tipo de violência durante o parto.
Segundo o estudo, as violências mais
comuns são gritos, procedimentos dolorosos sem consentimento, falta de
analgesia e negligência médica. A matéria ainda apresenta outras formas
de violência mais sutis, como relaciona a obstetriz e ativista pelo
parto humanizado Ana Cristina Duarte. “Impedir que a mulher seja
acompanhada por alguém de sua preferência, tratar uma mulher em trabalho
de parto de forma agressiva, não empática, grosseira, zombeteira, ou de
qualquer forma que a faça se sentir mal pelo tratamento recebido,
tratar a mulher de forma inferior, dando-lhe comandos e nomes
infantilizados e diminutivos, submeter a mulher a procedimentos
dolorosos desnecessários ou humilhantes, como lavagem intestinal,
raspagem de pelos pubianos, posição ginecológica com portas abertas,
submeter a mulher a mais de um exame de toque, especialmente por mais de
um profissional, dar hormônios para tornar o parto mais rápido, fazer
episiotomia sem consentimento”.
A matéria, republicada no site Fórum,
gerou uma enorme repercussão nas redes sociais. Mulheres relataram
diversas formas de violências as quais foram submetidas no momento do
parto.
Marcelli Lima publicou o seu relato no Facebook. Ela comenta como “roubaram” o seu momento.
“Tive que ter meu filho pela rede
pública, mas Deus colocou um anjo na minha vida que conseguiu para mim
uma cesárea, pois se passei pelo que passei com cesárea, imagino parto
normal!
Lendo essas matérias e comentários,
lembrei de detalhes do meu parto, que pra mim foi tão traumático que
praticamente esqueci… Mas, lembro bem dos momentos mais torturantes,
como alguém do hospital entrar no centro cirúrgico após o meu parto e
falar “nossa! mataram um porco aqui!!??”, de falarem que iam chamar a
segurança para o meu marido caso ele ligasse para o meu médico para
informar que tinham feito ele sair de perto de mim para me dar um toque
que me fez começar a sangrar, de ter tido cefaleia por causa da
anestesia, e além de não receber nem um buscopan…
Mas tinha esquecido que só vi meu
filho de longe após o parto, pq não me deram ele, de tentarem me impedir
de amamentar meu filho, o que só consegui fazer 3 horas após o
nascimento, e como disse a técnica, contra as normas do hospital, do
choro da menina que estava tendo neném de parto normal do meu lado e dos
gritos dos residentes debochando e humilhando ela, e eu chorava e
falava com meu marido pra fazer alguma coisa, pra não deixarem fazer
isso com ela, tinha esquecido do meu medo de rejeitar meu filho, pois
estava tão cansada e desgastada, tinha esquecido. Só pensava que tinha
que sair dali com ele e que só senti emoção pelo nascimento dele, quando
estava em casa, com minha família e medicada por causa das dores de
cabeça. Aconteceram muitas outras coisas, mas já estou com dor de
cabeça, é melhor deixar pra lá. Enfim, só tenho que me juntar ao coro da
autora da matéria: ROUBARAM MEU MOMENTO!”
Betania Eneas comentou como a fizeram de cobaia no momento do nascimento do seu primeiro filho.
“Eu sofri muito nos meus partos,
principalmente do meu primeiro, que me fizeram de cobaia. Os aprendizes
costuravam e me descosturavam, fora que toda hora as enfermeiras me
xingavam, peguei infecção hospitalar de tanto que judiaram de mim. Até
que no décimo quarto dia em que eu estava internada, sem poder me mexer
na cama, eu só chorava, pois tinha febre 24 hrs, chegou um médico que
quando me viu naquela situação disse que ia chamar a policia, pois ele
nunca viu alguém ter um bebê e ficar naquela situação, como um verme,
até que resolveram fazer algo por mim, minha mãe resolveu me tirar de lá
e assinou um termo de responsabilidade. Se não hoje eu não estaria aqui
pra contar a história, sem contar nos outros partos que me amarraram,
pois o neném não nascia e eles forçaram tanto que me machucaram muito. É
triste você ir parir a coisa mais importante da sua vida e ser tratada
como um bicho, isso precisa acabar”
Lígia Santana afirmou que ainda carrega a angustia de não ter exigido os seus direitos como gestante.
“Eu tive o parto que quiseram que eu
tivesse e não o que eu queria ter. Nem ao menos perguntaram. Minha
filha é saudável e linda, mas ainda carrego a angústia e culpa de não
ter exigido meus direitos. Se eu tivesse lido esse texto antes, seria
diferente, mas vou passar adiante para alertar futuras mães. Obrigada”
Ereikson Mendes falou sobre como alguns
médicos utilizam-se de procedimentos que adiantam partos para
adequarem-se aos seus horários.
“Eu que trabalho na área sei muito
bem como funciona, a paciente fica a mercê do desejo do médico, que na
maioria das vezes utiliza dessa posição para proceder com procedimentos
que o beneficiem, exemplo, perto de feriados os mesmos adiantam
procedimentos e afins para terem folga, enfim a matéria está aí, com
diversos outros casos, no fim sobra indignação”.
Tags: gênero, mulher, parto, parto humanizado, saúde, violência, violência no partoFonte: Revista Fórum.
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